
O preconceito foi o maior empecilho. Durante muito tempo, acreditava-se que uma criança cega não fosse capaz de aprender tanto quanto outra que enxerga normalmente. Quando o caso era de deficiência intelectual, então, nem se falava na necessidade de estudar. Hoje parece inacreditável, mas nos anos 1980 um jovem com deficiência intelectual ou com altas habilidades era chamado de "retardado". Na década seguinte, consagrou-se a expressão "crianças excepcionais" para se referir a esses estudantes (em oposição aos ditos "normais").

Como boa parte das mudanças na Educação, também no campo da inclusão tudo começou com a Constituição de 1988, que garantiu o direito de todos à escolarização e estabeleceu que o atendimento deveria ser feito preferencialmente na rede regular de ensino. Nem por isso a situação se transformou rapidamente. Professores, diretores e representantes das Secretarias de Educação acreditavam que cabia à própria criança adaptar-se às atividades. O professor não precisava alterar em nada sua aula ou oferecer materiais diversificados. O resultado é que as chamadas instituições especiais de ensino continuaram com grande número de matriculados.

No capítulo V, que trata especificamente da Educação Especial, está escrito que essa modalidade de ensino deve ser oferecida preferencialmente na rede regular de ensino e, quando necessário, com serviços de apoio especializado. A palavra "preferencialmente" fez com que poucos Estados e municípios abrissem as portas das redes - e o atendimento obrigatório na escola regular só foi formalizado 12 anos depois, com a criação da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, que define claramente que é obrigatória a matrícula nas redes regulares, com atendimento educacional especializado no contraturno.